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É urgente realizar uma nova conferência nacional de comunicação

  • Beto Seabra
  • 27 de fev.
  • 3 min de leitura

Pensar o tema, diante da avalanche de notícias falsas, é tão importante quanto cuidar de setores vitais como educação e saúde


Por Beto Seabra




Lula na abertura da 1ª (e única, até agora), Conferência Nacional de Comunicação, em 2009 (Foto: Divulgação)
Lula na abertura da 1ª (e única, até agora), Conferência Nacional de Comunicação, em 2009 (Foto: Divulgação)

Nas últimas duas décadas a Comunicação Social sofreu mudanças que a tornaram algo completamente diferente do que ela foi durante séculos. Não há exagero nessa afirmação. Vamos aos dados.

 

Em 2004 surge o Facebook, inicialmente chamado THeFacebook.com, usado basicamente por estudantes de universidades norte-americanas. A plataforma chega ao Brasil somente em 2007. O Twitter (atual X) surge na Califórnia, em 2006, tornando-se popular no Brasil dois anos depois. E o Instagram, o mais novo rebento das chamadas mídias sociais, é criado em 2010.


No que diz respeito aos aplicativos de mensagens, o WhatsApp aparece em 2009 e o Telegram em 2013. Para completar esse pacote principal de “novas mídias”, deixando de fora outras plataformas de menor impacto nesse universo tecnológico, o Tik Tok chega ao Brasil em 2018.

 

Hoje, além das redes sociais e aplicativos de mensagens instantâneas, temos a novidade avassaladora da Inteligência Artificial, o que acelera ainda mais a aplicabilidade dessas novas ferramentas. 

 

Em 2005 a Comunicação era outra. O Brasil também. Entretanto, as novas mídias digitais já apareciam no horizonte... Não por acaso, foi naquele ano que o governo Lula acelerou algumas iniciativas na área, como a discussão da proposta de criar a Empresa Brasil de Comunicação (EBC), aprovada pelo Congresso em 2007. Dois anos depois, o país faria sua primeira Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), quando as redes sociais ainda engatinhavam. Foi a primeira e única Conferência, de onde, segundo o Instituto Telecom, surgiram 600 recomendações, com a participação de 1.600 delegados das 27 unidades federativas.

 

Também não foi por acaso que, em 2009, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que o diploma de jornalismo não deveria mais ser obrigatório. O lobby das empresas de mídia falou mais alto que os alertas feitos pelas entidades sindicais de jornalistas e por estudiosos da Comunicação Social. Com o fim do diploma, a precarização da profissão de jornalista foi inevitável e a entrada de novos atores no setor, muitos sem formação adequada, colaborou para a degradação da notícia e a popularização das fake news e de vídeos e áudios que propagam preconceitos e falsos alarmes sobre tudo e contra todos e todas.

 

Essa pouco admirável comunicação nova que se fortaleceu nos últimos vinte anos vem atuando para enfraquecer a democracia, desqualificar a ciência e dividir povos e nações.  

Torna-se urgente realizar uma nova Conferência Nacional de Comunicação para discutir temas que antes não apareciam em nossas conversas, tal como a proliferação de conteúdos falsos, descontextualizados e enganosos com o intuito de prejudicar pessoas e instituições.

 

Está provado que a tentativa de golpe contra o presidente eleito em 2022 ocorreu utilizando-se o anonimato e os perfis falsos em redes sociais, além da privacidade oferecida pelos aplicativos de mensagens. Tentativas de golpes e golpes bem-sucedidos sempre existiram no Brasil, mas é inegável que a nossa democracia, que há vinte anos parecia inabalável, foi posta à prova nos últimos tempos com o uso indevido da comunicação digital para fins ilegais.

 

A construção do Sistema Único de Saúde (SUS) a partir da Constituição de 1988 (ou mesmo antes disso) resulta, em boa parte, das 17 conferências de saúde acontecidas nos últimos 80 anos – em 1941 ocorreu a primeira e, em 2023, a mais recente.

 

Tratar a Comunicação como algo tão importante quanto a Saúde ou a Educação é fundamental para saber aonde queremos chegar nos próximos anos. E uma conferência nacional de comunicação seria o espaço ideal para esse debate. Sozinhos não saberemos como agir diante da avalanche comunicacional que nos aflige. Mas, em um debate amplo, nacional e intersetorial, talvez seja possível encontrar saídas, ou, pelo menos, formas de amenizar os estragos feitos pelo mau uso dessas novíssimas mídias.

 
 
 

3 Comments

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Guest
Feb 28

Fundamental! Estamos vivendo um caos comunicacional.

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Tadeu Valadares
Feb 27
Rated 5 out of 5 stars.

Batalha essencial.

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Guest
Feb 27
Rated 5 out of 5 stars.

Excelente! Sim, é urgente. Vital.

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