Transformar vidas é ação possível
- Ana Lúcia Medeiros
- 7 de nov. de 2024
- 3 min de leitura
Um desejo, buscar as pessoas certas e usar as ferramentas adequadas pode ser o começo de tudo. Foi o que fez uma fazendeira de Minas Gerais, que queria ajudar pessoas. Para isso, enviou um whastsapp para quem certamente poderia contribuir, manifestou seu desejo de fazer uma doação e tudo deu certo
Por Ana Lúcia Medeiros

Renovar os ares da fazenda da família. Essa foi a decisão que a mineira Gislaine Rosa tomou recentemente. Algo simples? Sim e não. Sim, porque ela é a proprietária da área com 1.500 hectares da Fazenda Pinheiros, que quer transformar. Não, porque é preciso encontrar as pessoas certas para tornar o projeto possível.
A dificuldade transformou-se em atitude: a fazendeira enviou uma mensagem para o Whastsapp do CEO João Paulo Pacífico, líder do Grupo Gaia, uma empresa cujo lucro é destinado para causas sociais. Tudo fluiu. Juntos, eles vão transformar a Fazenda Pinheiros em um modelo sustentável de produção agrícola.

A doação não é pequena. São R$ 40 milhões em terras e fundos doados por Gislaine Rosa para criar um assentamento agroflorestal e, assim, transformar suas terras em um legado socioambiental nas proximidades de Campo Belo, distante 22 km de Belo Horizonte-MG, região originalmente indígena e quilombola.
Com o nome de "Nova Era de Gaia", o projeto permitirá que 120 famílias de agricultores locais vivam e trabalhem em cooperação, com moradia, estrutura comunitária e apoio técnico do Movimento Sem Terra (MST). A gestão será feita pelo Fundo Patrimonial Joaquim Rosa Cambraia, em homenagem ao pai de Gislaine, e será administrado pela Gaia Legado, divisão de fundos patrimoniais de impacto do Grupo Gaia. O fundo garantirá a continuidade da produção orgânica e a preservação ambiental, sem risco de especulação imobiliária.
Estrutura do projeto em sintonia com outras iniciativas
O projeto inclui ações de reflorestamento e preservação das nascentes, uma potencial infraestrutura comunitária, com espaço para um posto de saúde, uma capela e uma escola técnica, em homenagem ao Padre Justino Sarmento Rezende. Pioneiro em assentamentos no Brasil, o Padre Justino hoje mora na região transfronteiriça entre o Brasil e a Colômbia, na Amazônia, e defende a necessidade de ampliação da visão para um trabalho em parceria, evitando formar grupos fechados, ou culturas fechadas, para que sonhos locais sejam sonhos universais.
A necessidade que sente o padre Justino de concretização de sonhos conjuntos parece estar sendo atendida se consideramos que o projeto de Gislaine Rosa em Minas Gerais encontra ecos em outras iniciativas mundo afora, como é o caso das ações da ambientalista americana Kristine McDivitt Tompkins, patrona de Áreas Protegidas do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).

Ex-CEO da Patagônia, Tompkins é líder ambiental com um trabalho que expande áreas públicas protegidas envolvendo a comunidade empresarial para a conservação de montanhas, prados, florestas e pântanos intocados no Chile e na Argentina. Juntamente com o marido Douglas Tompkins (morto em 2015), trabalharam com os governos do Chile e da Argentina.
A Tompkins Conservation doou 400.000 hectares de terras ao governo do Chile, resultando em parques nacionais de 4,5 milhões de hectares. Na Argentina, a doação de 150.000 hectares teve como destino a criação do Parque Nacional Iberá.
Aqui no Brasil, a decisão da mineira Gislaine Rosa de fazer a doação, além de eternizar as raízes, promove vida digna e sustentável às futuras gerações. Um modo de adotar pessoas e ajudar no combate às mudanças climáticas.

* Com informações de Portal Campo Belo; Diário do Centro do Mundo; Campo Belo em Foco; Linkedin
História inspiradora!
Excelente história. Pessoa incrível transformado vidas.